segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Cnidários

 

Cnidários

Os Cnidários,também conhecidos como celenterados, pertencem ao filo Cnidaria. Esses organismos pluricelulares são encontrados em ambientes aquáticos, sendo boa parte deles marinha.No mundo todo, há mais de 11.000 espécies de celenterados. Destacam-se como os principais representantes desse grupo os corais, as águas-vivas, as hidras, as anêmonas-do-mar e as caravelas."Os cnidários (filo Cnidaria) são um grupo de animais com uma organização corpórea relativamente simples, porém mais complexa do que a apresentada pelas esponjas. Nesse grupo temos o surgimento de tecidos, os quais permitem o desenvolvimento de importantes funções, como a natação e a capacidade de responder a estímulos.
Os cnidários apresentam formas sésseis e móveis, que recebem a denominação de pólipos e medusas, respectivamente. São exemplos de cnidários as anêmonas-do-mar e as águas-vivas.

Cnidários: conheça as características gerais

Os cnidários são encontrados especialmente no ambiente marinho, em águas tropicais rasas. Há poucas espécies que vivem em água doce. Não existe nenhuma espécie terrestre nesse grupo. Os representantes desse grupo apresentam um tipo particular de célula nos seus tentáculos chamada de cnidócito. 

Essas células realizam o lançamento do nematocisto, um tipo de cápsula que possui um filamento dotado de espinhos e de um líquido urticante. Uma das funções do nematocisto é injetar substâncias tóxicas que ajudam na captura da presa e também na defesa dos celenterados. Nos humanos essas substâncias podem causar queimaduras. 

Estrutura do corpo de um cnidário

Os cnidários, também conhecidos como celenterados, apresentam uma estrutura corporal relativamente simples, a qual lembra um grande saco. Esses animais possuem simetria radial, ou seja, partes similares do corpo estão organizadas e repetidas ao redor de um eixo central.


Observe algumas estruturas presentes no corpo de um cnidário.

Cnidários têm, no seu interior, um compartimento chamado de cavidade gastrovascular, no qual ocorre o processo de digestão. Essa cavidade está conectada ao meio externo por uma única abertura, que atua como boca e ânus. Denomina-se de superfície oral aquela que apresenta a boca e de superfície aboral o lado oposto a ela.

Ao redor da boca do cnidário, observa-se tentáculos que ajudam a capturar alimento. Nesses tentáculos encontra-se uma grande quantidade de células especializadas chamadas de cnidócitos, que ocorrem por toda a epiderme, mas são mais numerosas nessa região. Um cnidócito caracteriza-se por ser uma célula redonda ou ovoide e possuir organelas chamadas de cnidas, que têm formato de cápsula.Os nematocistos são o tipo mais comum de cnidas. São uma cápsula que contém um filamento enrolado, que é disparado quando estimulado quimica ou mecanicamente. Esse filamento perfura o corpo da presa e garante a injeção de uma substância urticante, que pode causar lesão dolorosa, paralisia e até mesmo a morte.A parede do corpo do cnidário é formada por duas camadas de célula: uma epiderme mais externa, a qual é derivada da ectoderme, e uma camada mais interna, chamada de gastroderme, a qual é derivada da endoderme. Os cnidários são animais diblásticos, pois seus corpos são formados com base em dois folhetos embrionários: a ectoderme e a endoderme. Entre a gastroderme e a epiderme está presente a mesogleia, que possui consistência gelatinosa. A mesogleia, geralmente, não apresenta células.

Cnidários: tipos morfológicos

A estrutura corporal dos cnidários apresenta duas variações: o pólipo e a medusa. Alguns cnidários passam toda a sua vida como apenas uma forma, ou seja, sendo pólipo ou medusa. Algumas espécies, no entanto, apresentam um estágio polipoide e outro medusoide durante o ciclo de vida. Medusas possuem corpo gelatinoso com a forma de sino, apresentam boca central e tentáculos na sua margem. Estão representadas por organismos natantes como, por exemplo, as águas-vivas. Por sua vez, os pólipos são organismos sésseis, isto é, seres fixados a um substrato. Possuem forma tubular como, por exemplo, as anêmonas-do-mar e podem viver isolados ou em colônias. Os celenterados não apresentam sistema digestório, circulatório e respiratório

Pólipo: forma de vida geralmente séssil, ou seja, que não apresenta uma movimentação ativa. Algumas espécies, no entanto, são capazes de mover-se quando ameaçadas, por exemplo. Os pólipos apresentam forma cilíndrica e estão associados ao substrato pela superfície aboral. A extremidade que não está aderida ao substrato apresenta a boca do animal, rodeada por tentáculos que o ajudam a capturar suas presas. Hidras e anêmonas-do-mar são exemplos de pólipos.

Medusa: forma de vida que se move ativamente. As medusas apresentam formato de sino e boca voltada para baixo bem como seus tentáculos. Apresentam uma mesogleia bem desenvolvida, diferentemente da forma polipoide. Águas-vivas são exemplos de medusas.


Fisiologia dos cnidários

Os cnidários são animais de corpo muito simples, não apresentando sistemas complexos como no corpo dos vertebrados. Vejamos, a seguir, alguns dos importantes processos fisiológicos que ocorrem no corpo desses animais:
Os corais são representantes do filo Cnidaria e responsáveis pela formação dos recifes de corais, um ecossistema muito rico.

Digestão nos cnidários: é extracelular e intracelular. Inicia-se no interior da cavidade gastrovascular, em que enzimas são liberadas, e depois é completada no interior de células gastrodérmicas, as quais revestem essa cavidade. O que não foi absorvido pelo animal sai para fora do corpo pela boca.

Excreção e trocas gasosas nos cnidários: não apresentam um sistema excretor, desse modo, a excreção dos produtos resultantes do metabolismo é feita, por difusão, pela superfície corporal. As trocas gasosas nesses animais também ocorrem na superfície dos seus corpos.

Percepção de estímulos nos cnidários: possuem células nervosas espalhadas por todo seu corpo. Isso permite que os impulsos sejam transmitidos em todas as direções. O sistema nervoso desses animais é chamado de sistema nervoso difuso. Os cubozoários apresentam olhos complexos, os quais possuem uma lente e um arranjo retiniforme com células sensoriais. As medusas apresentam ainda estruturas chamadas de estatocistos, responsáveis pelo sentido de equilíbrio.

Como é a alimentação dos Cnidários? 

Nos cnidários, o sistema digestório é tipo incompleto, pois eles não possuem ânus. Esse sistema é formado por uma cavidade que possui apenas uma abertura. A entrada em questão é utilizada tanto para que os alimentos entrem, como para que os dejetos saiam. Os cnidários capturam o alimento com a ajuda dos tentáculos e então o introduzem na cavidade digestiva. 


A partir desse momento, são fracionados parcialmente por ação das enzimas. Os nutrientes são distribuídos por todas as partes do corpo. Os cnidários apenas voltam a se alimentar após terem eliminado os dejetos. Cnidários são carnívoros e se alimentam de partículas suspensas na água, além de pequenos animais aquáticos. 

Como é a respiração dos Cnidários? 

Cnidários não apresentam sistema respiratório. As trocas gasosas são realizadas diretamente entre cada célula e o meio por meio de difusão. 

Sistema Nervoso dos Cnidários

O sistema nervoso dos cnidários é bem simples, contudo, eles são os primeiros animais a ter neurônios (células nervosas). Esse sistema é do tipo difuso, as células nervosas constituem uma rede que está em contato direto com as células contráteis e sensórias. 



Reprodução dos Cnidários

A reprodução dos cnidários pode ser sexuada ou assexuada. A reprodução assexuada é aquela que acontece através do brotamento. Brotos se desenvolvem na superfície do corpo e então se desprendem, dando origem a novos indivíduos. As hidras de água doce e algumas anêmonas marinhas realizam esse tipo de reprodução. Como existem cnidários dioicos (que apresentam sexos separados) e monóicos (que são hermafroditas) é possível que aconteça a reprodução sexuada. Nesse tipo de reprodução, ocorre a formação de gametas femininos e masculinos. Os espermatozoides do macho são liberados na água e fecundam o óvulo feminino, que está na superfície do corpo. No entanto, o mais comum é que os gametas se encontrem na água, assim acontece a fecundação externa. O zigoto então se desenvolve e não há fase larval. Os cnidários podem apresentar alternância de gerações. Possuem uma fase de pólipo (quando têm reprodução assexuada) e outra fase de medusa (na qual a reprodução é sexuada). 

Classes de Cnidários

Os cnidários estão divididos em quatro classes, que são: Anthozoa, Hydrozoa, Scyphozoa e Cubozoa.


Anthozoa

Nessa classe só existem pólipos marinhos e se trata da que apresenta maior número de espécies. O representante mais relevante desse grupo é a anêmona-do-mar, animal que apresenta formato cilíndrico. A sua base é fixa em algum substrato. 

A boca fica na extremidade oposta, sendo rodeada por tentáculos flexíveis. Também fazem parte dessa classe os corais, eles são colônias de pólipos que podem apresentar até 100 mil indivíduos. Os corais apresentam grande biodiversidade. 

Hydrozoa


As hidras geralmente ficam imóveis e, por isso, são bastante confundidas com a vegetação. O fato de apresentarem cor esverdeada pelo corpo é outro motivo que permite essa confusão. 

Uma curiosidade é que essa cor se deve a presença de algas verdes unicelulares no interior do seu corpo. Os tentáculos se movimentam para capturar as presas. Uma das presas das hidras é a pulga d’água. Nesse grupo há poucas espécies de água doce. 

Scyphozoa


O aspecto da água-viva lembra a de um prato invertido. A boca está em posição inferior e nas bordas há diversos tentáculos. Possui entre 2 e 40 cm de diâmetro, podem ter diferentes cores. O corpo das águas-vivas é bem mole. Os tentáculos desses animais não devem ser tocados porque podem causar queimaduras. 

Já as caravelas apresentam estrutura flutuante, parecida com a de uma bolsa de gás de mais de 20 cm de diâmetro. Os tentáculos podem alcançar até 9 metros de comprimento. Há células urticantes que podem produzir queimaduras dolorosas na pele e até mesmo levar alguns animais a óbito. 

Cubozoa


Os cnidários da classe Cubozoa são chamados de cubozoários e na sua forma de medusa apresentam corpo incolor. São bastante venenosos. Tratam-se de animais predadores e que são bons nadadores. Como apresenta somente 20 espécies, é o grupo menos estudado dentre os celenterados. 

Nessa classe, o representante mais conhecido é a vespa-do-mar (Chironex fleckeri) que é o animal com o veneno mais letal do planeta. Para se ter uma ideia, estima-se que a sua toxina possa matar 60 seres humanos adultos. 

Reprodução dos cnidários
Os cnidários podem reproduzir-se de maneira sexuada ou assexuada. Nas hidras, o brotamento, um tipo de reprodução assexuada, é muito comum nas estações mais quentes do ano. Nesse processo, observa-se o desenvolvimento de um broto na parede do corpo do animal, o qual se destaca e torna-se uma hidra independente. O brotamento é também observado em outras espécies de cnidários.



Observe as etapas da reprodução por brotamento.
Os cnidários também reproduzem-se de maneira sexuada. Iremos exemplificar esse tipo de reprodução citando a reprodução das hidras, as quais, em sua maioria, são dioicas (possuem sexos separados).

Nesses animais, ocorre a liberação do espermatozoide na água, o qual encontra o ovo que havia sido produzido no ovário e se encontra no corpo de outra hidra. Após a fecundação, segue-se uma série de divisões celulares. À medida que essas divisões ocorrem, forma-se uma espécie de cápsula em volta do embrião. Essa cápsula rompe-se e dela emerge uma hidra jovem. Em algumas espécies de cnidários, pode formar-se uma larva plânula.

Alternância de geração nos cnidários
Em algumas espécies de cnidários, observa-se, no ciclo de vida, a chamada alternância de gerações ou metagênese. No hidrozoário Obelia, por exemplo, temos uma fase de pólipo assexuado e uma fase de medusa sexuada.

Nesse ciclo a fase de pólipo reproduz-se por brotamento, dando origem a várias medusas. As medusas machos produzem espermatozoide e as medusas fêmeas produzem óvulos. Os gametas encontram-se na água e formam um zigoto, que levará à formação de uma larva plânula. Essa larva fixa-se no substrato e desenvolve-se em um novo pólipo.

Principais características dos Cnidários

  • Vivem principalmente em ambientes marinhos de águas tropicais rasas;
  • Não há cnidários terrestres;
  • São constituídos pelo cnidócito (célula responsável por lançar o nematocisto)
  • O nematocisto é uma cápsula constituída por um filamento com espinhos e um líquido urticante, ele é responsável pela injeção de substâncias tóxicas que ajudam na captura das presas, além de ser um mecanismo de defesa;
  • A substância tóxica soltada pelo nematocisto pode causar queimaduras em contato com a pele humana;
  • São separadas em dois tipos morfológicos: medusas e pólipos;
  • Alguns cnidários podem ser constituídos pelos dois tipos morfológicos;
  • Medusas têm o corpo gelatinoso, em formato de sino, possuem tentáculos em sua margem e boca central. Um exemplo é a água viva, que é um organismo natante;
  • Já os pólipos constituem os organismos sésseis, que precisam estar fixos em um substrato. Possuem formato tubular e podem viver isoladamente ou em colônias. Como por exemplo as anêmonas-do-mar;
  • Não possuem sistema circulatório, sistema digestório e nem sistema respiratório completo;
  • Possuem sistema digestório incompleto, pois não possuem o ânus, assim a cavidade aberta serve para a entrada de alimentos e saída dos resíduos.

Bibliografia

  • Campbell, Reece, & Mitchell. Biology. 1999.
  • Solomon, E.P., Berg, L.R., Martin, D.W. 2002. Biology. Sixth Edition. Brooks/Cole Thomson Learning, Australia, Canada, México, Singapore, Spain, United Kingdom, and United States.
  • Apostila CNEC, Química - Biologia, 2ª série ensino médio, 2010.
  • Apostila Anglo, Biologia, 2ª Série Ensino Médio, 2010.
  • https://brasilescola.uol.com.br/biologia/filo-cnidaria.htm





VÍDEOS 





Questões sobre Cnidários 

1 – (PUC-SP) – Uma colônia de pólipos forma, por brotamento, pequenas medusas. Estas liberam gametas no ambiente, onde ocorre a fecundação. Do zigoto, surge uma larva ciliada, que dá origem a uma nova colônia de pólipos.

A descrição anterior refere-se a um:

a) cnidário, que apresenta alternância de gerações.

b) cnidário, que apresenta exclusivamente reprodução sexuada.

c) espongiário, que apresenta exclusivamente reprodução sexuada.

d) espongiário, que apresenta alternância de gerações.

e) platielminte, que apresenta reprodução sexuada e assexuada, sem alternância de gerações.

2 – (UFV-MG) – A digestão dos celenterados ocorre:

a) nos meios intra e extracelulares.

b) no meio extracelular.

c) no celoma anterior.

d) no meio intracelular.

e) no celoma posterior.

3 – (FUVEST-SP) – A Grande Barreira de Recifes se estende por mais de 2.000 km ao longo da costa nordeste da Austrália e é considerada uma das maiores estruturas construídas por seres vivos. Quais são esses organismos e como eles formam esses recifes?

a) Esponjas – à custa de secreções calcárias;

b) Celenterados – à custa de espículas calcárias e silicosas do seu corpo;

c) Pólipos de cnidários – à custa de secreções calcárias;

d) Poríferos – à custa de material calcário terreno;

e) Cnidários – à custa de material calcário do solo, como a gipsita.

4 – (Uesb-BA) – Animais do Filo Cnidaria apresentam, entre outras características:

a) Respiração realizada pela superfície corporal;

b) Ausência de cavidade gastrovascular;

c) Embrião com três folhetos germinativos;

d) Corpo com simetria bilateral;

e)  Sistema nervoso ganglionar.

5 – (UNIFOR-CE) – A figura abaixo mostra o ciclo de vida de um cnidário.

Questões sobre Cnidários com gabarito

A fase que ocorre logo após a reprodução sexuada é a representada em:

a) I.

b) II.

c) III.

d) IV.

e) V.

6 – (UFPR) – Relacione as colunas e assinale a alternativa correta:

(1) Coanócitos

(2) Células nervosas

(3) Átrio

(4) Mesênquima

(5) Cnidoblastos

(  ) Cavidade central das esponjas.

(  ) Células de defesa dos celenterados.

(  ) Mesogléia, abaixo da epiderme.

(  ) Digestão intracelular dos poríferos.

(  ) Camada média da estrutura dos poríferos.

a) 3 – 2 – 5 – 1 – 4.

b) 5 – 3 – 2 – 1 – 4.

c) 5 – 2 – 3 – 1 – 4.

d) 3 – 5 – 2 – 4 – 1.

e) 3 – 5 – 2 – 1 – 4.

Respostas das Questões sobre Cnidários 

Questão 1 –a) cnidário, que apresenta alternância de gerações.

Questão 2 – a) nos meios intra e extracelulares.

Questão 3 – c) Pólipos de cnidários – à custa de secreções calcárias;

Questão 4 –a) Respiração realizada pela superfície corporal;

Questão 5 – c) III.

Questão 6 – e) 3 – 5 – 2 – 1 – 4.

domingo, 27 de agosto de 2023

Filo Cnidaria

 

Cnidaria

Cnidaria (grego: κνίδη knidē 'urtiga' + latim: aria, sufixo plural) é um filo de animais exclusivamente aquáticos, agrupando os organismos conhecidos pelo nome comum de cnidários, entre os quais estão as medusas e as alforrecas (ou águas-vivas), as caravelas, as anémonas-do-mar, os corais-moles e as hidras de água doce. São organismos multicelulares, com estrutura simples, caracterizados pela presença de uma estrutura celular chamada cnida, na maioria marinhos e na maioria de vida livre, habitando costas, fundos e as águas abertas dos oceanos, bem como parasitas. O taxon inclui atualmente mais de 11 000 espécies extantes. Alguns cnidários, como a espécie Polypodium hydriforme e os Myxozoa, evoluíram para formas parasitas. Os cnidários foram incluídos durante muito tempo em conjunto com os Ctenophora (ctenóforos) no filo Coelenterata (os celenterados), embora essa classificação há muito já tenha sido abandonada, deixando o nome obsoleto.

Anatomia

Esquema do plano geral de Cnidaria com boca, coluna e tentáculos

Os cnidários apresentam

 tipicamente duas formas adultas distintas: o pólipo e a medusa. Assim, tem o ciclo de vida chamado metagenético, ou de alternância de gerações. Ambas as formas apresentam simetria externa radial. O plano corporal básico é simples: o corpo é saculiforme (em forma de saco), com apenas uma abertura circundada por tentáculos: a boca. A região contrária à boca, denominada aboral, é fixa ao substrato nos pólipos, formando um pé; ou é livre nas medusas, formando o topo da umbrela, o domo típico das águas-vivas. Há organização a nível tecidual é simples existindo essencialmente apenas o revestimento externo, a epiderme, e um revestimento interno, a gastroderme. Esses são separados por uma matriz extracelular rígida na qual se ancoram, denominada mesogleia. A mesogleia é o que dá a consistência mais firme e borrachuda em águas-vivas.

Os cnidários não apresentam tecido muscular verdadeiro. A movimentação do animal é realizado pelas células epiteliais. As presentes na epiderme são denominadas epiteliomusculares, e as presentes na gastroderme são as nutritivomusculares. Não há sistema nervoso concentrado, mas uma rede difusa de neurônios multipolares, isto é, que disparam em mais de um sentido.

Reprodução

Os cnidários são notórios por possuírem vastas diferentes formas de reprodução. Todas as classes podem se reproduzir tanto de forma sexuada quanto de forma assexuada, embora existam exceções em cada classe. A forma de reprodução sexuada tipicamente ocorre em alternância de gerações, com uma fase séssil, chamada polipoide, e uma fase livre nadante, a medusa. A reprodução assexuada, também chamada de reprodução clonal, ocorre em antozoários (Classe Anthozoa) e principalmente na forma polipoide de medusozoários (Classes Scyphozoa, Hydrozoa, Cubozoa e Staurozoa).

Esquema de hidra sofrendo brotamento

Os gametas dos cnidários são produzidos em regiões específicas da gastroderme e/ou mesogleia, como os mesentérios ou as bolsas gástricas, denominadas gônadas. As gônadas são formadas a partir da diferenciação de células do interstício de origem endodérmica presentes na gastroderme. Apesar do nome, as gônadas não configuram um órgão ou tecido verdadeiro, visto que esse tipo de estrutura só aparece em ramos posteriores da árvore filogenética dos animais.

De forma geral, as gônadas que já descritas se desenvolvem entre o epitélio gastrovascular e a matriz da mesogleia e têm formato aproximadamente esférico ou tem forma difusa. A espermatogênese se dá de forma concêntrica, com as espermatogônias localizadas mais externas, em contato com a mesogleia e o epitélio gastrovascular. Os espermatócitos se encontram mais interiores, com as espermátides e, centralmente, os espermatozoides mais interiores. Os espermatozoides de cnidária, diferentemente da maioria dos outros animais, não contém acrossomos. A oogênese ocorre de forma relativamente parecida. Uma célula de origem endodérmica se diferencia em oócito e passa a acumular vitelo, migrando para o interior da gônada. Dependendo da espécie e grupo, o oócito pode estar acompanhado de células produtoras de vitelo ou estar solitário imerso em matriz da mesogleia.

Desenho de larva plânula típica

 O processo de gametogênese pode ser bastante longo, durando vários meses (como o caso de alguns corais) ou ser mais rápido (como em algumas medusas).

Anthozoa

Em antozoários não ocorre alternância de gerações, existindo apenas a fase polipoide. Os animais desse grupo podem ser tanto dioicos tanto hermafroditas. Normalmente o tipo de sexualidade é mantida ao longo das espécies, embora existam espécies com indivíduos hermafroditas e dioicos.


Reprodução sexuada

As gônadas desses animais se formam nos mesentérios, local onde células da gastroderme se diferenciam em gametas. Os gametas então caem na cavidade gastrovascular (também chamada de "celêntero") e são posteriormente liberadas pela boca. Tipicamente a fecundação é externa e não há cuidado parental. Exceções, contudo, existem. Em algumas espécies o gameta masculino é ingerido e a fecundação se dá dentro da cavidade gastrovascular, a exemplo do coral Isopora brueggemanni. A larva se desenvolve dentro do corpo do progenitor e a plânula é liberada já em estágio avançado de desenvolvimento.

As espécies podem ou não ter um período específico do ano para reprodução e podem ou não apresentar sincronia na liberação de gametas. O exemplo mais bem conhecido de sincronia são de espécies de corais formadores de recifes que liberam seus gametas em determinadas noites do ano, com base em temperatura, fotoperíodo e outras variáveis. Em espécies sem período especifico de reprodução, os gametas podem ser liberados o ano todo. Via de regra, espécies de fecundação externa tendem a ter maior sincronia, maximizando assim as chances de gametas se encontrarem.


Reprodução assexuada

A reprodução assexuada ocorre na vasta maioria dos antozoários, embora existam espécies na qual não ocorre (por exemplo, Pseudocorynactis sp.). Esse tipo de reprodução é a responsável pela formação de grandes colônias e aglomerados de corais, coralimorfários, anêmonas, zoantídeos, gorgônias entre outros. Existe uma vasta quantidade de formas diferentes pelas qual a reprodução assexuada pode ocorrer e isto se deve em parte à grande capacidade de regeneração dos cnidários. As formas mais comuns de reprodução são:

1-   Brotamento: processo no qual surgem novos indivíduos a partir da base ou da lateral de um pólipo já existente. No brotamento, a parede do corpo, logo epiderme, mesogleia e gastroderme, evaginam formando uma estrutura como uma verruga. A região apical da “verruga” então diferencia boca e tentáculos. Quando desenvolvido, o novo indivíduo se destaca ou não do corpo parental.

2-   Estolões: no qual há uma projeção da parede do corpo da base ou da lateral do pólipo, a qual dá origem a um ou mais pólipos.

3-   Fissão longitudinal: na qual o animal começa a se estrangular ao longo do eixo oral-aboral, dividindo a boca, disco basal e cavidade gastrovascular em dois. Em vista oral, o animal lembra a figura de um número "8" durante o processo.

4-   Pelaceração: processo pelo qual o animal, ao se locomover lentamente pelo substrato, deixa para trás pedaços de seu disco basal. Esses pedaços então regeneram boca e tentáculos e se tornam um novo indivíduo.

5-   Laceração: processo muito utilizado por criadores comerciais, no qual o animal é partido em duas ou mais partes. As partes então se regeneram em novos indivíduos. Na natureza pode ocorrer como resultado de ataque de predadores.

6-   Fragmentação: processo muito utilizado por criadores comerciais, no qual a colônia (eg. Acropora sp. ou Sarcophyton sp.) é fragmentada em duas ou mais partes. As partes então se regeneram em novas colônias. Na natureza pode ocorrer como resultado de ataque de predadores.

Medusozoa

Os medusozoários compreendem os animais das classes Hydrozoa, Scyphozoa, Cubozoa e Staurozoa e tipicamente apresentam alternância de gerações. Nesse grupo, toda a imensa diversidade de ciclos reprodutivos em cnidária existe. O plano básico de ciclo de vida se dá a partir do assentamento de uma larva plânula que se metamorfoseia em um diminuto pólipo. Esse pólipo pode então se reproduzir assexuadamente dando origem a outros pólipos ou a medusas. As medusas são, via de regra, livre natantes e são a geração produtora de gametas.

  • Reprodução na forma polipoide

As formas polipoides podem se reproduzir assexuadamente gerando outros pólipos ou gerando medusas. Quando geram outros pólipos, as formas de reprodução são parecidas com as mencionadas para antozoários: brotamento, estolões, fissão, laceração e fragmentação. Além dessas, há a forma de reprodução chamada estrobilização ou fissão transversal, responsável por produzir medusas.

Estrobilização de Aurelia sp

Na estrobilização, a porção oral do pólipo passa por um processo de reabsorção e modificação até que finalmente se metamorfoseia em uma medusa jovem, denominada éfira. A medusa então se destaca e ganha a coluna d’água. Cada pólipo pode geral uma medusa apenas, como ocorrem em cubozoa, ou inúmeras, como ocorrem em hydrozoa e cifozoa. Uma forma mais complexa de estrobilização ocorre em determinados grupos. Nessa forma, várias éfiras vão sendo formadas sequencialmente, com os estágios mais iniciais do processo de estrobilização mais próximos da região aboral. Assim, o pólipo fica com uma aparência de pilha de pratos.


  • Reprodução em medusas

A medusa é a fase gametogênica e é responsável pela reprodução sexuada. Os gametas se forma a partir das gônadas de origem endodérmica, embora em hidrozoários possa haver migração para a epiderme. A fecundação pode ser externa, interna ou ocorrer dentro do corpo do parental, como em antozoários, podendo ou não haver incubação. Uma forma curiosa de reprodução para cnidários é a transferência direta de espermatozoides que ocorre em cubozoários e em alguns cifozoários. O resultado da fertilização é um embrião que se torna a típica larva plânula. A larva então se assenta e metamorfoseia em pólipo.

A reprodução assexuada em medusas é menos comum, mas existente. Os principais processos de reprodução assexuada em medusas são os já mencionados brotamento e a fissão longitudinal e ocorrem principalmente, se não restritos apenas, a hidrozoários.


  • Exceções e variações

Inúmeras variações ocorrem no plano básico de alternância de gerações em medusozoários. Em pólipos coloniais de alguns hidrozoários há a possibilidade de divisão de tarefas entre os diferentes indivíduos ou bocas. Umas podem se dedicar apenas a alimentação, enquanto outras apenas a estrobilização. Em algumas espécies as medusas jovens não se destacam do pólipo durante a estrobilização. Assim a medusa se desenvolve e reproduz ligada à colônia mãe.

Há espécies que perderam completamente a fase de medusa, como Hydra sp., ou a fase de pólipo, como alguns cifozoários. Nesses animais, o pólipo é responsável pela produção de gametas ou há o desenvolvimento direto da larva plânula para uma medusa. Há, ainda, a curiosa Turritopsis dohrnii, a água-viva imortal, uma espécie de hidrozoário o qual a forma de medusa pode se desdiferenciar em pólipo, dependendo das condições ambientais.[12][13]

Desenvolvimento

Diferentes padrões de clivagem encontrados em Obelia loveni: a. clivagem sincicial, b. clivagem radial, c. clivagem "pseudoradial", d. clivagem anarquica, e. clivagem desigual
Diferentes padrões de clivagem encontrados em Obelia loveni

Os oócitos de cnidários só completam sua divisão mitótica quando fertilizados. O primeiro sulco de clivagem se inicia no polo animal, que posteriormente se tornará a região oral da larva plânula. Os cnidários demonstram uma grande variedade de padrões de clivagem do zigoto, sendo caracterizadas pela irregularidade. Os zigotos de diferentes espécies ou até mesmo da mesma espécie podem possuir um padrão de clivagem diferente. 

Em hidrozoários, a clivagem apresenta um padrão de indeterminação no desenvolvimento. Blastômeros isolados de um zigoto de 2, 16 ou até mesmo 32 células são capazes de se desenvolver em uma larva plânula normal, porém com menor tamanho. Além disso o desenvolvimento não é afetado pela reorganização artificial dos blastômeros. 

Em cifozoários também é possível observar uma grande variação no arranjo dos blastômeros, sendo muitas vezes impossível de se encontrar dois zigotos com disposição semelhante dos blastômeros. 

Evolutivamente o padrão de clivagem anárquico tem sido reconhecido como ancestral em relação aos demais tipos de clivagem. Nos cnidários, independentemente do tipo de clivagem, ela origina duas formas comuns de blástula: uma celoblástula oca ou uma estereoblástula sólida. A partir do estágio de blástula, o zigoto sofre a gastrulação na extremidade do polo animal. A gastrulação pode pode ocorrer de várias maneiras como a invaginação, ingressão unipolar, ingressão multipolar, delaminação ou epibolia. Na gastrulação ocorre a formação da endoderme (que se diferenciará em gastroderme) e ectoderme (que se diferenciará em epiderme). O desenvolvimento do zigoto dá origem a uma larva planctônica, denominada plânula.

A plânula é a larva típica de cnidários. Ela apresenta um formato tipicamente ovoide e revestimento externo monoflagelado de epiderme com um preenchimento interno de endoderme. A plânula pode ser oca ou maciça. Uma boca pode ou não estar presente, embora, via de regra, a plânula não se alimente enquanto planctônica. Estruturas como tentáculos podem ou não estar presentes ao redor da boca.[9][12]

O eixo de natação da plânula é posterior-anterior, isto é, ela nada com a parte que dará origem à região aboral à frente. Quando é findo o tempo na coluna d’água, a larva assenta e passa por uma metamorfose, transformando-se em pólipo.

Regeneração

Os Cnidários, de uma forma geral, tem grande capacidade de regenerar tecidos e partes do corpo, ou mesmo um novo corpo. Isto é particularmente evidente diversas de suas formas de reprodução assexuada, como a laceração, laceração do pé e fragmentação, bem como na contínua predação que sofrem, por exemplo, os recifes de corais em seu ambiente natural. Dentre as formas de vida do filo, a forma polipoide apresenta maior potencial de regeneração. As formas de medusa regeneram tentáculos, braços e pedaços da umbrela perdidos, mas em geral numa magnitude menor do que pólipos. Já foram descrito a regeneração total de pólipos de pólipos de cubozoários seccionados transversalmente, bem como a regeneração de medusas seccionadas longitudinalmente.

Estudos de regeneração em cnidários datam tão cedo quanto 1744. Nesse ano Abraham Trembley inicialmente publicou seu trabalho com experimentação em Hydra sp. Seus experimentos incluem feitos como virar uma hidra ao avesso e prende-la nessa posição. De forma surpreendente, o animal continuou vivo e bem. Estudos hidra continuaram e continuam sendo realizados, visto que o animal se tornou um modelo para estudo de regeneração, senescência e outros processos biológicos.

Apesar de não se poder estender todo o conhecimento obtido para a hidra para os outros cnidários, é razoável acreditar que os mesmos processos fisiológicos e biomoleculares, em algum grau, são compartilhados por outros animais do filo. Em medusas, processos mecânicos talvez tenham também uma importância relevante para a regeneração.


  • Regeneração em hidra

As hidras de água doce têm grande poder de regeneração. Como já mencionado, podem sobreviver inversão completa de seus corpos, além de poder se regenerar completamente seu corpo se partidas. A capacidade de regeneração é tão grande que ocorre mantendo a orientação dos eixos corporais se seccionadas longitudinalmente, transversalmente ou diagonalmente, uma ou mesmo muitas vezes, dado um número mínimo de algumas centenas de células em cada pedaço. Se as células forem dissociadas e colocadas juntas, as hidras ainda conseguem se regenerar.Existe evidências fósseis para a regeneração dentro de grupos extintos de cnidários, como os Rugosa.

A regeneração inicial em hidra se dá principalmente sem novas divisões celulares.Quando há lesão, as células próximas ao local começam a migrar e se diferenciar em resposta lesão. O fechamento de uma lesão transversal total demora de 1h a 3h. A regeneração total da parte perdida, até 36h. Qualquer parte da coluna do animal pode regenera um animal novo; se isolados, entretanto, disco oral e pedal não conseguem regenerar. Diversos estudos apontam que no local da lesão ocorre intensa regulação gênica e produção de peptídeos sinalizadores.

Todas as células epiteliais de hidra da região da coluna são células-tronco. Assim, todas as células têm potencial de se dividir e renovar a sua população, bem como de se diferenciar em outros tipos celulares. As células intersticiais apresentam maior poder de diferenciação, podendo se diferenciar em praticamente qualquer tipo celular que o animal possua. O animal possui ainda duas populações diferentes de células troncos: uma que está em constante e rápida renovação e outra que tem um ciclo de renovação mais lento. Entende-se que a presença de duas populações celulares distintas contrabalanceie os efeitos deletérios que as rápidas taxas de renovação podem ter, como a acumulação de mutações genéticas e geração de tumores. Essas células de ciclo lento seriam preferencialmente recrutadas no processo de regeneração.[

As células epiteliais das hidras estão constantemente se renovando. O sentido de renovação é do meio do corpo para as extremidades, isto é, do meio da coluna em direção as regiões oral e aboral. Evidências experimentais por meio de marcação in vivo com proteínas fluorescente demonstraram esse sentido de renovação, bem como a grande capacidade dessas células de se diferenciarem em tipos celulares específicos como, por exemplo, um cnidocito de tentáculo. Além disso, aparentemente, essas divisões podem acontecer incessantemente sem desencadear sintomas de senescência.

Classificação

Animalia

Porifera 

Eumetazoa

Ctenophora 

Planulozoa

Bilateria 

Placozoa 

Cnidaria

   
Cladograma mostrando a posição filogenética dos Cnidaria.                                                                                                                                        



















O filo Cnidaria está dividido em sete classes de organismos atuais e mais uma de fósseis:

  • Anthozoa - as anémonas-do-mar e corais verdadeiros;
  • Scyphozoa- as verdadeiras águas-vivas;
  • Cubozoa - as vespas-do-mar (medusas em forma de cubo);
  • Hydrozoa - as hidras, algumas medusas, a garrafa-azul (caravela-portuguesa) e os corais-de-fogo;
  • Staurozoa - as medusas que habitam regiões costeiras dos oceanos em zonas temperadas e estão fixas pelos tentáculos;
  • Polypodiozoa - Compreende apenas a espécie Polypodium hydriforme, organismo polipóide parasita
  • Myxozoa - organismos parasitas
  • Conulata † - extinta.

Bibliografia

  • Campbell, Reece, & Mitchell. Biology. 1999.
  • Solomon, E.P., Berg, L.R., Martin, D.W. 2002. Biology. Sixth Edition. Brooks/Cole Thomson Learning, Australia, Canada, México, Singapore, Spain, United Kingdom, and United States.
  • Apostila CNEC, Química - Biologia, 2ª série ensino médio, 2010.
  • Apostila Anglo, Biologia, 2ª Série Ensino Médio, 2010.