O que é Citologia?
Citologia é o ramo da biologia que estuda as células, suas funções e sua importância na constituição dos seres vivos. Também conhecida como biologia celular, é o estudo que busca compreender o ciclo de vida destes seres, além dos seus reflexos no funcionamento de diferentes meios.
Esta área surgiu após o desenvolvimento de técnicas de microscopia óptica. Assim, foi possível observar estruturas muito pequenos que foram nomeadas de célula. A necessidade de saber mais sobre esses seres resultou no avanço de tecnologias que impulsionaram ainda mais os estudos, como o surgimento do microscópio eletrônico e suas técnicas.
Em 1665, o biólogo e físico inglês Robert Hooke observou uma estrutura celular pela primeira vez, sendo o primeiro estudioso a perceber as características da célula vegetal. O nome “célula” também foi escolhido por ele, que se originou do latim celulla, diminutivo de cella, expressão que pode ser traduzida para o português como “pequeno compartimento”.
A Citologia é considerada uma das áreas da ciência que mais demorou para se desenvolver, pois suas descobertas estiveram diretamente relacionadas ao desenvolvimento dos primeiros microscópios – equipamento que permite o estudo de estruturas pequenas a olho nu.
A segunda grande descoberta no ramo foi do microscopista holandês, Antoni van Leeuwenhoek, responsável pelo primeiro registro das células livres. Anos mais tarde, foi a vez do botânico e físico escocês Robert Brown fazer sua contribuição. Em 1833, ele descobriu a estrutura que foi nomeada como núcleo celular.
A época também foi marcada pelas ideias do botânico alemão Matthias Schleiden, o primeiro a afirmar que todos os vegetais são constituídos por células. No ano seguinte, o fisiologista Theodor Schwann estendeu a ideia de Schleiden e defendeu que os organismos animais também são inteiramente constituídos por células. A cada nova descoberta há o desenvolvimento de uma nova tecnologia, que aprimora ainda mais as ferramentas de estudo desses pequenos organismos.
A importância da Citologia
Por ser um ramo da biologia focado no estudo das estruturas celulares, seus conhecimentos são de grande importância para a compreensão do funcionamento de todos os organismos vivos. Por isso essa área é muito importante, porque ajuda a identificar e catalogar os seres vivos com maior facilidade, conhecendo no detalhe as unidades fundamentais para a existência e desenvolvimento da vida.
Além disso, seus estudos são indispensáveis no desenvolvimento da medicina, impactando a criação de novos medicamentos e tratamentos, e gerando mais facilidade para a conclusão de diagnósticos. A Citologia também é uma das pioneiras de segmentos modernos muito importantes, como a biotecnologia, por exemplo.
A Citologia e seus conhecimentos trouxeram inúmeros benefícios para o desenvolvimento das ciências biológicas. Por isso, conhecer as células e seus principais elementos estruturais é importante para desvendar ainda mais segredos sobre os seres vivos!
O que a Citologia estuda?
Entre os conhecimentos estudados pela Citologia, existem alguns assuntos que são essenciais e fundamentam os conhecimentos básicos para entender a complexidade das células. Veja os principais temas que são abordados nos estudos:
- Tipos de célula (procariontes e eucariontes);
- As estruturas celulares;
- Evolução celular;
- Transporte e importância da membrana plasmática para o organismo celular;
- Processo de endocitose e exocitose;
- Respiração celular;
- Metabolismo das células;
- Processos de divisão celular (meiose e mitose);
- Bioquímica celular;
- Fotossíntese.
Citologia e Histologia
E não é só a Citologia que estuda as células. Outro ramo da biologia chamado de Histologia, de certa forma, também estuda as células, pois é o estudo dos tecidos do organismo. Tecidos são o conjunto de células especializadas em uma mesma função. Esse tipo de estudo também é fundamental para a Medicina, em que é utilizado para diagnosticar doenças como o câncer e outras. Essa análise também é feita por meio de microscópios.
Teoria celular
Esse é o nome dado à organização do estudo de células. Foi a partir dele estudo que se descobriu que todos os seres dotados de vida são compostos por células e que, portanto, essa é a estrutura vital do ser vivo.
Com muitos avanços na área, temos que destacar o trabalho dos pesquisadores Matthias Schleiden e Theodor Schwann, pois através disso foi possível observar os principais fundamentos nos quais o estudo da Citologia é baseado. A dupla é responsável por formular quatro pontos interessantes que até hoje batizam as generalizações mais importantes da área.
Outro pilar muito importante da teoria celular está no fato constatado por Rudolph Virchow, que dizia que toda célula se origina a partir de outra célula. Assim, surgia o primeiro conceito de divisão celular, umas das primeiras compreensões científicas sobre a origem da vida no planeta Terra. Em resumo, a teoria celular apresenta pontos importantes para o estudo da Citologia. São eles:
- Todos os seres vivos são constituídos por células;
- As atividades essenciais que caracterizam a vida ocorrem no interior das células;
- Novas células se formam pela divisão de células preexistentes através da divisão celular;
- A célula é a menor unidade da vida.
Tipos de células
Células procariontes
Também chamadas de células procariotas, as células procariontes são aquelas que não possuem carioteca, ou seja, uma membrana delimitando o núcleo da célula. Nesse caso, o material genético fica disperso pelo citoplasma em uma área que é conhecida como nucleoide. O principal exemplo de seres que possuem células procariontes são as bactérias.
Células eucariontes
Essas células são consideradas mais complexas e possuem carioteca individualizando o núcleo, além de diversos tipos de organelas. Elas estão presentes em todos os outros grupos de seres vivos, como nas células animas, células vegetais, nas algas, nos fungos e nos protozoários.
Estrutura das células
Célula animal
Membrana plasmática
A membrana plasmática, ou membrana celular, é uma estrutura fina e porosa que envolve toda a célula, sendo responsável pela proteção de todas as estruturas celulares. É um tecido presente ao redor de todas as células, tanto procariontes quanto eucariontes. Ela age como uma espécie de filtro, separando os meios interno e externo que controlam a entrada e saída de diversas substâncias conforme diferentes necessidades químicas.
Não é possível enxergá-la em um microscópio comum, pois seu tamanho é extremamente pequeno. Apesar disso, a membrana plasmática é uma das estruturas mais importantes para o correto funcionamento celular e, consequentemente, para garantir a manutenção da vida.
Citoplasma
Veja as principais organelas da célula animal:
- Ribossomos: auxilia a síntese de proteínas nas células;
- Retículo endoplasmático liso e rugoso;
- Complexo de Golgi: modifica, armazena e exporta proteínas sintetizadas no retículo endoplasmático rugoso;
- Lisossomos: responsáveis pela digestão intracelular;
- Mitocôndrias: realiza a respiração celular;
- Peroxissomos: oxidação de ácidos graxos para a síntese de colesterol e respiração celular;
- Vacúolos: armazenamento de substâncias.
Célula vegetal
Parede celular
É uma estrutura exclusiva das células vegetais, exterior à membrana plasmática, que envolve toda a célula composta de um polissacarídeo denominado celulose. A principal função da parede celular é sustentar e proteger a planta. Além disso, ela realiza a troca de substâncias entre células vizinhas e controla a entrada de água na célula.
Cloroplastos
São organelas responsáveis pela fotossíntese. Apresentam coloração verde por conta da clorofila, que absorve a luz solar, possibilitando o processo de fotossíntese.
Glioxissomos
Os glioxissomos são organelas presentes nos tecidos acumuladores de gordura em sementes que estão em processo de germinação. Eles contêm enzimas que são responsáveis pela transformação de ácidos graxos em açúcares.
Confira outras organelas das células vegetais:
- Ribossomos;
- Retículo endoplasmático liso e rugoso;
- Complexo de Golgi;
- Mitocôndrias;
- Vacúolos.
Diferenças entre célula animal e célula vegetal
Estrutura e forma
A célula animal e a vegetal apresentam diferentes formatos. A célula animal é irregular, enquanto a célula vegetal apresenta uma forma fixa. Outra diferença é que a célula animal apresenta cílios e flagelos, o que não ocorre na célula vegetal.
É possível observar um grande vacúolo na célula vegetal, que ocupa grande parte do seu citoplasma. Isso ocorre porque é função da célula armazenar seiva e realizar o controle da entrada e saída de água.
Parede celular
Como já citamos, a parede celular é uma estrutura exclusiva das células vegetais e corresponde a um envoltório externo à membrana plasmática.
Organelas
As organelas celulares são estruturas que realizam as funções essenciais para o funcionamento das células. Cada célula – animal e vegetal – apresenta organelas específicas, algumas em comuns e outras diferentes, como já apresentamos acima.
Núcleo celular
O núcleo é a região da célula onde se encontra o material genético (DNA) dos organismos. É ele que caracteriza os organismos eucariontes e os diferencia dos procariontes, que não possuem núcleo.
O núcleo celular funciona como o cérebro da célula, pois é a partir dele que partem as “decisões”. É onde se localizam os cromossomos compostos de moléculas de ácido desoxirribonucleico, que carrega toda a informação sobre as características da espécie e participa dos mecanismos hereditários. Além disso, quando o organismo precisa crescer ou se reproduzir a célula passa por divisões que acontecem também no núcleo.
Mitocôndria
As mitocôndrias são onde acontece a respiração celular. Por isso, elas são conhecidas como as geradoras de energia química das células.Elas têm formato alongado e estão envolvidas por duas membranas. Uma curiosidade é que as mitocôndrias possuem DNA próprio e podem se dividir.
Ribossomos
Por sua vez, os ribossomos apresentam formato de grânulo e estão presentes nas células eucariontes e procariontes.Isso significa que todos os seres vivos os possuem. Eles agem no controle e regeneração da célula, sendo essenciais para o crescimento celular.
Retículo endoplasmático
Complexo
golgiense
Lisossomos
Descoberta
Estrutura e tipos de lisossomos
Endocitose
Exocitose
Autofagia
Peroxissomos
Os peroxissomos são organelas responsáveis por degradar gorduras e aminoácidos sem prejudicar os tecidos. Estão presentes tanto em animais quanto em plantas.Dentre todas as organelas citoplasmáticas, os peroxissomos são os descobertos mais recentemente.
Estrutura dos peroxissomos
Entre as organelas celulares, os peroxissomos foram descobertos a menos tempo, inclusive a sua estrutura é bem semelhante aos lisossomos. Pois, assim como este, eles possuem dupla membrana e têm o formato de vesícula arredondada. No entanto, elas se diferem nas funções.
Função dos peroxissomos
A principal função dos peroxissomos é fazer a desintoxicação das células e principalmente realizar a catalisação do peróxido de hidrogênio, mais conhecido como água oxigenada (H2O2), uma substância extremamente tóxica para as células e fonte de radicais livres. Mas, você sabe por que isso acontece?
Isso ocorre porque a produção de água oxigenada é um processo natural que acontece no interior das células, durante a degradação de gorduras (metabolismo celular). Porém, essa substância em grande quantidade pode causar lesões às células. A enzima responsável por fazer a destruição, ou melhor, catalisação dessa substância é a catalase. Ela é encontrada em maior quantidade nos peroxissomos. Veja de que maneira essa reação é feita:
Fórmula catalase. (Foto: Educa Mais Brasil)Dessa forma, para que não seja prejudicial aos tecidos, a enzima denominada de catalase reage com o peróxido de hidrogênio produzindo água (H2O) e oxigênio molecular (O2), acabando com essa substância. Além da função principal, os peroxissomos participam de outros processos de desintoxicação da célula. Entre eles:•Quebra dos ácidos graxos em cadeia longa (tóxicos);•Serve de matéria-prima na respiração celular com o intuito de obtenção de energia;•Oxidação de ácidos graxos para a síntese de colesterol.É possível encontrar uma grande quantidade de peroxissomos nas células renais (rins) e nas células hepáticas (fígado), chegando a ocupar até 2% de espaço desses órgãos. No interior das células hepáticas, os peroxissomos auxiliam na produção de sais biliares e também na neutralização de algumas substâncias tóxicas para o corpo.
GlioxissomosGlioxissomos são peroxissomos especiais encontrados nas células de plantas e sementes em germinação. A diferença entre os dois é que os glioxissomos agem em algumas reações do processo de fotossíntese, estando relacionados à fixação do gás carbônico. Já nas sementes, os efeitos dessas organelas são importantes na transformação de ácidos graxos em substâncias de menor tamanho, que por sua vez serão convertidas em glicose e utilizadas pelo embrião em germinação. Além disso, convertem lipídios em carboidratos.
Doenças peroxissômicas
A ausência ou deformidade estrutural das enzimas dos peroxissomos podem causar doenças metabólicas, envolvendo diversos órgãos. As doenças peroxissômicas podem ser causadas por dois motivos. O primeiro deles é quando os peroxissomos são produzidos em menor quantidade ou então quando suas proteínas não são importadas e degradadas no citoplasma. Nesses casos, podemos citar: a síndrome de Zellweger e a condrodisplasia puntata rizomélica.O outro motivo é quando essas doenças aparecem em virtude de defeitos aparentes em uma única enzima peroxissomal, por acúmulo de substratos ou por falta dos seus respectivos produtos. Nesses casos, é possível citar: adrenoleucodistrofia ligada ao cromossomo X, pseudo síndrome de Zellweger, hiperoxalúria tipo I e acatalessemia.
Plastídios
Os plastídios são organelas encontradas em células vegetais. Elas possuem função de fotossíntese, síntese de aminoácidos e ácidos graxos.Elas também fazem armazenamento. Os plastídios são classificados de acordo com seu pigmento, então podemos encontrar cloroplastos (verde), cromoplastos (de amarelo a vermelho) e leucoplastos (não possuem pigmento).
Os plastídios, também chamados de plastos, são organelas celulares encontradas em células vegetais que apresentam funções de fotossíntese, síntese de aminoácidos e ácidos graxos, além de armazenamento. Eles são classificados de acordo com o pigmento que possuem, sendo chamados de cloroplastos, cromoplastos e leucoplastos.
Os cloroplastos são os plastos mais conhecidos e apresentam a coloração verde graças à presença de clorofila. Neles há também a presença de carotenoides, pigmentos que variam do amarelo ao vermelho, porém são mascarados pela clorofila. É nessa organela que ocorre o processo de fotossíntese, que é responsável pela produção de glicose para a planta. Esses plastídios são encontrados em todas os vegetais de coloração verde, ocorrendo principalmente nas folhas, porém podem aparecer em caules e em algumas raízes aéreas.
O cloroplasto apresenta-se revestido por uma dupla membrana formada por proteínas e lipídios, assim como os outros plastídios. Em seu interior observa-se o estroma ou matriz, onde está imerso o sistema de membranas. Esse sistema é constituído por estruturas achatadas, semelhantes a moedas, que recebem o nome de tilacoides. Estes podem estar agrupados em pilhas, que são chamadas de granum. O conjunto desses granum forma o grana. As clorofilas e os carotenoides estão contidas nos tilacoides.
Os cromoplastos são plastídios que sintetizam carotenoides, sendo eles os responsáveis pela coloração de flores, frutos, raízes e folhas velhas que apresentam tons de amarelo a vermelho. Como exemplo de raiz rica em carotenoides, podemos citar a cenoura. Diferentemente dos cloroplastos, os cromoplastos não participam do processo de fotossíntese. Podemos relacioná-los com a função de atração de polinizadores.
Os leucoplastos são plastos que não apresentam nenhum tipo de pigmento, sendo encontrados normalmente em partes da planta que não estão em contato direto com a luz. Com base na substância que sintetizam, eles são denominados em: amiloplastos (produzem amido), proteinoplastos (produzem proteínas) e elaioplastos (produzem substâncias lipofílicas).
Todos os plastídios citados anteriormente são formados a partir de estruturas indiferenciadas e sem cor denominadas proplastídios. Eles são encontrados no embrião e em regiões meristemáticas. Vale destacar que os plastídios podem se transformar em outros tipos facilmente. Podemos observar esse fenômeno na batata, que, quando exposta à luz, transforma parte de seus amiloplastos em cloroplastos. Outro exemplo é o dos cloroplastos que se transformam em cromoplastos durante o amadurecimento de alguns frutos.
Os plastídios são considerados organelas semiautônomas e apresentam características que os tornam semelhantes às bactérias. Dentre essas semelhanças, podemos citar a presença de DNA, ribossomos menores do que os encontrados no citoplasma e a inibição da síntese de proteínas por antibióticos. Outra característica importante é sua capacidade de autoduplicação.
Vacúolos
Por fim, os vacúolos estão muito presentes em plantas, protozoários e animais.São responsáveis por várias funções, como regular pH, controlar a entrada e saída de água, fazer a digestão, excretar os resíduos e armazenar substâncias.
Tipos de Vacúolos e suas Funções
Os vacúolos são envolvidos por membrana e no seu interior há substância diferente do citoplasma. Eles geralmente são esféricos, mas podem ser alongados. São de 3 tipos diferentes, a saber:
Vacúolos de Suco Celular
Os vacúolos de suco celular, geralmente chamados somente vacúolos, são muito comuns, sendo menores e mais numerosos na planta jovem, se tornam único e grande nas plantas maduras. Tem função de reserva de substâncias, como amido e pigmentos, e atuam no mecanismo de pressão osmótica que regula a entrada e saída de água.
Com isso, os vacúolos controlam a turgidez ou flacidez da célula. A turgidez da célula confere rigidez aos tecidos vegetais tornando a planta ereta, por exemplo.
Vacúolos Digestivos
Esses vacúolos realizam a digestão intracelular e estão presentes em protozoários e em células animais e humanas como os macrófagos.
Nas amebas, por exemplo, o alimento é capturado por fagocitose e parte da membrana celular envolve a partícula, formando um fagossomo. Em seguida, esse fagossomo se une ao lisossomo formando o vacúolo digestivo. No interior do vacúolo digestivo as enzimas do lisossomo farão a digestão e depois os restos serão eliminados para fora da célula.
Nas células de defesa do corpo humano acontece situação semelhante. Os agentes invasores, por exemplo bactérias ou vírus, são fagocitados e digeridos dentro dos vacúolos digestivos.
Vacúolos Contráteis
Nos protozoários e em alguns organismos mais simples como os poríferos os vacúolos também estão presentes. São chamados vacúolos contráteis ou pulsáteis e controlam a entrada e saída de água da célula por osmose. Eles também realizam o armazenamento de substâncias.
Fontes
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/reticulo-endoplasmatico.htm
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/secrecao-celular-complexo-golgiense.htm
https://www.pravaler.com.br/o-que-e-citologia/#o-que-e-citologia
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